quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sem surpresas: Copom corta taxa de juros em 0,75%. #IBOV

 

É o sexto corte consecutivo efetuado pelo Copom durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Pela 1ª vez desde 2010, a Selic chega a 9% ao ano

Naiara Bertão
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BC: Queda de 0,75 ponto porcentual foi explicada pela desaceleração da inflação (Elza Fiúza/Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou na noite desta quarta-feira um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic). A redução leva os juros ao patamar de 9% ao ano - número publicamente almejado pela presidente Dilma Rousseff, que em várias ocasiões expressou que gostaria que a taxa chegasse a esse nível antes do final de 2012. Com o corte de hoje, alguns analistas esperam, inclusive, que a Selic termine o ano abaixo de 9%.

Trata-se do sexto corte consecutivo efetuado pelo Copom durante o governo da presidente Dilma. Também é a primeira vez, desde 2010, que a Selic chega a 9% ao ano. A autoridade monetária afirmou que a queda foi motivada pela forte desaceleração da inflação. "O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9% a.a., sem viés", afirmou, em nota

O corte não foi surpresa. Em sua última ata, divulgada em março, o Copom sinalizou ao mercado que manteria o ritmo de corte de juros, pelo menos até a próxima reunião. Contudo, a grande questão que se coloca é se há espaço para mais cortes em 2012, ou se a taxa se manterá em 9% ao longo de todo o ano. Diante das constantes e rápidas mudanças de opinião do BC, analistas hesitam em apostar em um só cenário.

Incertezas - Ainda que uma maioria considerável aguarde hoje a manutenção dos 9% ao longo de todo o ano, as apostas podem mudar. Basta relembrar como a maior parte do mercado apostava em uma queda de 0,5 ponto porcentual na reunião de março, mas em questão de dois dias, houve mudança brusca de opinião. Sérgio Vale, analista-chefe da MB Associados, abre a possibilidade de cortes ainda maiores na Selic mediante dados de atividade muito fracos ou inflação baixa no curto prazo. "Mesmo que não saia nenhuma nota específica sobre isso na Ata (do Copom) na semana que vem, essa possibilidade é plausível porque o BC tem mudado sistematicamente suas decisões em relação ao que tem escrito nos textos", diz o economista.

No mercado de juros futuros, investidores apostam em novas quedas. Nesta quarta-feira, a curva de juros indicava algumas estimativas de corte de 0,25 p.p. na próxima reunião do Copom, em maio, segundo operadores.

Aquecimento econômico - A manutenção da taxa em 9% será explicada, segundo economistas, apenas se o país apresentar uma considerável aceleração econômica a partir do segundo semestre ocasionada, entre outros fatores, pelas próprias medidas de estímulo do governo. Segundo Alexandre Andrade, analista da Votorantim Corretora, possivelmente a economia brasileira passará por um período de retomada, o que pode acarretar, inclusive, o aumento da inflação. "Como as medidas de estímulo anunciadas pelo Banco Central recentemente, entre elas a queda nos juros, demoram um tempo para fazer efeito, é provável que o BC mantenha a Selic em 9%", diz Andrade.

Contudo, se depender do Índice de Atividade Econômica medido pelo BC (IBC-Br) – considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB) –, tal aquecimento está ainda fora do radar. O indicador caiu 0,23% em fevereiro ante janeiro, como divulgou a entidade na segunda-feira. No primeiro mês do ano, ele já havia recuado 0,18% frente ao índice de dezembro.

Para tentar não repetir o crescimento tímido do PIB visto em 2011, o governo tem usado artifícios heterodoxos para aquecer o consumo e a tomada de crédito. Nas últimas semanas, o Planalto pressionou bancos privados e públicos a reduzirem os juros de suas linhas de financiamento para pessoas físicas e pequenas e médias empresas. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco já fizeram os cortes.
 

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